Potiguara


Os índios Potiguara eram os tradicionais habitantes do litoral da Paraíba na época do “ tal descobrimento do Brasil”. Viviam desde o delta do Rio Paraíba até a Baía da Traição e terras para leste subindo o rio Mamanguape até a Serra do Copaoba (região dos atuais municípios de Caiçara, Belém, Serra da Raiz e Pirpirituba) e parte do vizinho estado do Rio Grande do Norte.

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Foto extraída do "Índios Potiguara da Paraíba em Foco"







Hoje, os Potiguara, na Paraíba, estão restritos aos municípios de Rio Tinto, Marcação e Baía da Traíção, Litoral Norte do Estado. Segundo a FUNAI são mais de 20.000.00 mil pessoas distribuídas em 32 aldeias. Dentre outras citamos Vila Monte-Mor, Caeira, Galego, Forte, Lagoa do Mato, Cumaru, Vila São Miguel, Laranjeiras, Santa Rita, Tracoeira, Akaîutibiró, Jaraguá e a aldeia de São Francisco. Sua língua mãe é o Tupi Guarani.

livro
Tais belezas e memórias podem ser contempladas no livro “Paraíba Potiguara” (20013), que contém 192 páginas, 152 fotografias coloridas e preto e branco, e no final, um texto, bilíngue, que versa sobre o cotidiano das aldeias indígenas Potiguara da região do Vale do Mamanguape, no Nordeste da Paraíba, que consolida um registro do patrimônio imaterial indígena do Brasil, para explicar com linguagem acessível os elementos da cultura Potiguara que perduram através dos anos, suas adaptações e seus mecanismos de sobrevivência, valorizando este conhecimento, verdadeiro patrimônio cultural de um povo que mantém vivas suas mais antigas raízes e que traz nas suas artérias códigos milenares muito sutis, que são genuinamente de sua convivência interna e que se perpetuam até hoje.

Painéis de fotografias de índios Potiguara expostos no Salão de Artesanato da Paraíba, no Jangada Clube, em João Pessoa. (Juan Soler Cózar - 2013)

Espaço destinado ao "O Programa do Artesanato Paraibano" vinculado à Secretaria de Estado de Turismo Desenvolvimento Econômico.




Histórico do contato 

A história do contato dos Potiguara com os brancos remonta as às primeiras tentativas européias (portuguesas, francesas e holandesas) de colonização e de comércio com a América do Sul. A condição de autoctonia do grupo (sua identidade étnica) é exposta no extenso e variado material contido nas crônicas de viagem e correspondências entre religiosos. Os quinhentistas e seiscentistas escreveram de posições bastante distintas, como é, por exemplo, o jesuíta Anchieta, o huguenote Léry, o colono português e escravizador de índios Gabriel Soares de Sousa, assim como o artilheiro e prisioneiro dos Tupinambás Hans Staden, dentre outros. 
 
Do ponto de vista dos cronistas e viajantes, os Potiguara não apenas se enquadravam na categoria “gentios bravos”, justificando-se assim a necessidade de “amansá-los”, como foram se constituindo, ao longo das tentativas de colonização da região, entraves à exploração portuguesa.

O cotidiano da capitania de Itamaracá (Paraíba) era tomado pelo embate com os “gentios”, associados dos franceses, cuja cultura tinha na honra guerreira o seu valor fundamental, para a qual a antropofagia era um dos momentos de maior importância na esfera ritual. O resultado é que a aliança do espírito guerreiro indígena com o interesse mercantil francês impediu o sucesso das expedições de conquista e ocupação de tais capitanias por seus donatários.

Para se ter uma ideia do papel preponderante dos guerreiros indígenas, as tentativas de conquistar a Paraíba foram durante todo o século XVI fracassadas pela determinação dos Potiguara na defesa do seu território. A aliança com os franceses foi decisiva no ano de 1586, quando sete navios franceses aportaram na Baía da Traição com pessoas e munição para se juntarem aos índios e lutarem contra os portugueses que se aliaram com os Tabajara, inimigos tradicionais dos Potiguara. Foram destruídas três aldeias Potiguara na Serra da Copaoba, mas os Potiguara resistiram e saíram vitoriosos.

 

Fonte:  
José Glebson Vieira
Antropólogo, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), doutorando em Antropologia Social e pesquisador do Núcleo de História Indígena e Indigenismo (NHII) do Departamento de Antropologia da FFLCH/USP
glebson@usp.br
outubro, 2006

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